Reflexão / Reflection

Ir para a Índia à procura do quê? Podem ler ou imaginar, não interessa. Irão sempre apanhar um choque quando aterrarem naquele país. 

Ouvi falar da espiritualidade que conseguimos "elevar" nesta viagem. Na minha experiência, não obtive qualquer tipo de diferença a nível espiritual. Perguntam-se porquê. A minha reflexão em relação a este país é muito mais centrada nos outros do que em mim mesma. Acharia egoísta da minha parte ver o quanto elevada me tornei depois de assistir a tanta dureza, especialmente depois de ter passado meia dúzia de anos a queixar-me da vida difícil que tinha em Portugal. Assim como eu, existem milhares de ocidentais a queixarem-se daquilo que têm e não têm. Todos nós o fazemos diariamente.

Ora bem, começando por aquilo que não é bonito nem doce. 

As crianças pedem dinheiro com olhares tremendos, que nos enchem de medo só de pensar em passar por aquilo um minuto que seja. Homens velhotes a dormirem sentados no chão do comboio por não terem mais espaço para se mexerem. Mulheres doentes e desfiguradas, a tocarem-nos para receberem uma rupia que seja, para darem de comer aos filhos com dois anos de idade. Ao fim de algum tempo, viramos a cara. Não por sermos indiferentes ao que se está a passar, mas porque em todos os locais passamos por isto.

Claro que à partida já sabia para o que ia, mas esperava mesmo ter elevado a minha alma, ter-me tornado sábia e conhecedora de mim mesma. É algo que adquirimos com as viagens, sabido, mas na Índia aprendi que para eles sou tão princesa como a Kate Middleton (talvez aí pudesse pensar em algum género de superioridade). 

Todas as noticias acerca das violações, o crime supostamente instalado neste país. É um povo tão submisso que não me senti ameaçada por eles.

Retirar de cada lugar que passamos uma aprendizagem singular. A minha aprendizagem foi sendo construída por cada pessoa com que me cruzei. Apercebi-me de que sou muito mais "ocidentalzinha" do que me julgava. 

Uma vez um professor disse-me a meio de uma discussão: 

- Voçê não passa de uma ocidentalzinha, mimada, de caca. 

Fiquei ofendida, claro. Quem era aquele homem para me chamar aquilo, tendo eu 18 anos e tão humilde e consciente da minha idade? Ele queria-se referir à pouca luta que eu dava quando me deparava com dificuldades (o senhor professor ensinava Geometria Descritiva). 

Lembrei-me desse detestável senhor variadas vezes na minha jornada de vida, mas não da mesma forma que pensei recentemente. De referir que quando ele me disse aquilo, falava-me de miúdas, pouco mais novas que eu, que eram mães em África. A minha resposta, na ponta da língua, atiçou ainda mais aquela figura de autoridade:

- São elas, não sou eu. As realidades são diferentes senhor professor - (acompanhado por um sorriso tão prepotente como o tom que utilizei). 

A minha atitude naquela idade foi a atitude que tomei até ter estado um mês e meio numa realidade tão diferente da minha. Não querendo, de todo, dar lições de moral a quem quer que seja, mas partilhar o mau assim como partilho o bom deste país no O Bitoque Asiático.

Será algo que milhares de pessoas já leram em várias reportagens, mas será também mais uma visão das coisas, afinal de contas, estamos cá para aprender.

Go to India in search of what? You can read or imagine, it does not matter. You will always get a shock when landing in that country.

I had heard about the spirituality that we "raise" on this trip. In my experience, I had not received any kind of difference spiritual level. Ask yourself why. My reflection in this country is more focused on other than myself. Would be selfish on my part to see how high I became after watching so much, especially after half a dozen years to complain of my difficult life in Portugal. Just like me, there are thousands of Westerners complain of what they have and don't have.

Well, starting with what is not beautiful.

The children beg for money with tremendous looks that make us fear just thinking in going through it for one minute. An old men sleeping sitting on the floor of the train for not having more room to operate. Women sick and defaced touching us to receive a rupee to give to eat a children with two years of age. After a while, we turn our face. Not because we are indifferent to what is happening, but because everywhere we went we see this.

Of course that I already knew what I was going to see, but I hoped that I have elevated my soul, to become wise and aware of myself. It is something we have gained with the travel, well known, but in India I have learned that for them I am so Princess like Kate Middleton, perhaps there I could think of some kind of superiority. 

All the news about the violations, the crime supposedly installed in this country, I have to say that I didn't felt threatened by them. Withdraw from each place we spent a singular learning we get. My learning was being built by each person that bumped me. I realised that I am more "western" than I thought I was. Once a teacher told me in the middle of a discussion:

-You are nothing more than a spoiled western girl.

I was offended, of course. Who was that man to call me that? I had 18 years and I was so humble and aware of my age. He wanted to refer to the weak fight that I gave when I encounter difficulties (the professor taught descriptive geometry).

I was reminded of this detestable Mr varied times in my journey of life, but not in the same way that I thought recently. To think that when he told me he spoke about slightly younger girls then I, who were mothers in Africa. My answer on the tip of the tongue further fanned that figure of auturidade:

-It's them, not me. The realities are different professor. (accompanied by a smile so overbearing as the tone that I used).

My attitude at that age was the same attitude that I took up until I spend a month and a half in a reality so different from mine. Not wanting to, at all, give lessons in morality to anyone, but share the bad as well as I share the good of this country in my blog.

It will be something that thousands of people have read in several articles, but will also be more a vision of things, after all, we are here to learn.