Praia Grande
Meti-me aqui em casa a pensar… “Como é que nunca escrevi
nada sobre o local que mais conforto, alegria e memórias felizes me deu na vida?”.
Há três dias estava lá, naquele canto virado para o mar, e
não consegui parar de sentir uma eterna gratidão e calmaria por apenas ali
estar.
A Praia Grande, em Sintra (onde cresci) é um dos lugares, no
mundo inteiro, onde tudo bate certo. Onde a vida que corre decide parar e
congelar os momentos nas nossas mentes. E falo no plural porque não sou só eu
que me sinto assim. Somos muitos, cada um com o seu mundo e visão, mas somos muitos. E cada um com um amor em comum: aquela praia, aquele canto, aquele bar.
Lembro-me dos Verões na areia, da toalha enrolada na cintura
com o sol a queimar-me, o mar impossível de ser mergulhado, as paixões, os amigos.
Lembro-me de aguentar dias inteiros debaixo do calor, rumar ao Bar do Fundo
para aquela imperial ao fim do dia, de Steel Pulse a sair das colunas e de um
grupo diversificado mas unido. Sempre os mesmos, até hoje.
O momento que mais amor me traz é aquele em que tenho a luz
matinal da praia a cobrir-me a cara, os pés descalços a pisarem a gravilha, a
brisa com cheiro a mar, descer a rampa com o peito cheio de ar. Chegar ao bar
da areia, receber aquele “olá”, beber um café, seguir com o meu livro e
deitar-me. Não ouço nada, não penso em nada. Deixo-me apenas levar pelo local
familiar, que me dá sempre algo de novo cada vez que o visito.
Família, amigos, conhecidos. Estão todos lá a certa altura
do dia, mas os dois momentos que mais fascínio me dão são a manhã e o fim do
dia. Como já dei um cheirinho do que são as manhãs, vou-vos falar dos finais de
dia. Para mim não são os mesmos se eu não for ao anteriormente referido, Bar do
Fundo. O sunset visto de lá é das coisas mais incríveis a que já pude assistir.
Uma vista desafogada para o mar, o sal no ar, as gargalhadas que damos, a
comida que fazem, os jantares que surgem do feliz acaso do timing, as
lembranças do canto antigo, as novas pessoas que vamos conhecendo e que tornam
este sítio ainda mais perfeito.
Andamos descalços pela esplanada e, se calhar, até surge uma
vontade imensa de dar mais um mergulho, só para tornar o dia ainda melhor.
Tenho de referir que o Verão passado ainda se tornou mais
épico. Como se não bastassem os dias infindáveis, surgiram as festas de sunset
na nossa esquerda, que duram até às tantas (não vou designar uma hora de
término porque sou capaz de estar equivocada). Não vamos até casa tomar banho,
o mar serviu bem esta tarefa. Não queremos estar noutro lugar, só ali, rodeados
de amigos e novos acontecimentos, passeios no escuro junto às rochas, abraços felizes
e dançar até não sentirmos o chão.
Inconscientemente ajudamo-nos uns aos outros. E sabem no quê?
No perpetuar uma tradição de Verão. No fazer crescer dentro de cada um uma
ligação, uma união que vem desde os tempos dos nossos pais, que o faziam muito antes
de todos nós.
Há três dias atrás lá estava eu, naquele canto virado para o
mar, e não consegui parar de pensar no quão feliz sou, sempre que ponho os pés
naquele chão. É, sem dúvida, um pedaço de paraíso, uma imensidão de coisas que
já lá passei desde cedo e para o qual olho e fico expectante com o próximo que já está quase aí.
Este post, dedico-o àquelas pessoas que amam tanto este
sítio quanto eu. Espero que os restantes possam, pelo menos, sentir um bocado daquilo que falo.
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