Mundos paralelos?
Há
dias que eu não sei como aguento. Sinceramente, não faço ideia
como.
Sempre
tive a ideia de que o trópico era uma coisa sensacional. O calor
constante, Verão o ano inteiro, acima dos 30º, sempre.
Após
a Índia, descobri que o meu gosto pela moda fala mais alto, muito
alto até.
Se
em Lisboa achava que era uma miúda cool, de All Stars sujos e rotos,
a andar de skate pela praça do comercio, tudo isso caiu por terra.
Pois claro que caiu! Imaginem-se, senhoras, terem de andar de calças
de pijama pelas ruas de Johdpur, em que o vosso namorado olha para
vocês com um sorriso do género - “Já te vestiste melhor querida,
mas não faz mal” - com a t-shirt mais velha que têm, enrolada em
lenços, e sentirem-se a retomar às más escolhas de indumentária
de quando andavam no liceu. Pois é, após a experiência “anti-moda”
pelas ruas da Índia, decidi que dali para a frente só me iria
vestir de acordo com as tendências e sempre muito senhora de mim
mesma.
Comecei
este texto com o desabafo “há dias que não sei como aguento”.
Depois de me ver numa cidade como a de George Town, pensei que os
meus saltos altos e mini vestidos fariam todo o sentido. Até fazem,
pena o maravilhoso Verão, acima dos 30º, com toda a humidade que se
pode ter no mundo e que se faz sentir a toda a hora.
Uma
pessoa toma o seu banho, põe o seu perfume, outras enumeradas coisas
que só fazem sentido para as mulheres, põe o seu salto alto, sai à
rua e cai na terra. Por que razão iria dar para usar tais conjuntos
na Ásia? Vamos ser sinceros aqui. O Verão em Portugal nada tem a
ver, naturalmente, com o Verão, ou sendo mais fiel ainda, com o
Inverno na Malásia. É suor a escorrer pela testa, a cada passo que
dou, perco mais meio quilo, o sol queima a pele branquinha, as
pessoas olham para nós e devem pensar - “ vais prá gala da zona
chinesa com certeza” - impossível! Mais vale meter o calção, o
chinelo, a t-shirt que ainda é viva da Índia, e fazer-me à
estrada. Às vezes ainda me ponho a pensar como é que as senhoras de
cá andam tão tapadas, até já sinto pena delas pois não sei o que
sentia se passasse por isso, talvez só quando chegar a menopausa e
os fiéis afrontamentos (coisa que acho que deve ser parecida com uma
saída às 15h neste sitio).
Chega
a ser demais, demasiado calor, e eu que nunca fui adicta a nada
(talvez só ao café pela manhã e aos cigarros) descobri que,
qualquer dia, tenho de procurar um grupo qualquer com o nome : ar
condicionado anónimos. É o meu mais fiel amigo, está lá quando
preciso,e mesmo quando não é necessário. Se não o sinto, algo de
mau se apodera de mim e imaginar um mundo sem ele é para mim
impossível. Claro que tem coisas más, como qualquer adição. O
bronze que nunca tive, continua a não existir, já que o meu amigo
AC tem o efeito de mo roubar e não deixar marca. Já não sou
nenhuma lula, mas não passei a bronzeada assumida, talvez daqui a
uns tempos deixe o AC e passe para a ventoinha eléctrica mas, de
momento, não consigo.
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