Amor e uma Cabana




A luz da cidade pela manhã, ou pelo final do dia. É nostálgico, harmonioso, familiar.
Parece que, ao olhar pelas janelas do meu décimo quarto andar, vejo Lisboa, menina e moça, e que ela me saúda com virtude.
Quero que este seja o post que transmite a saudade que sinto da minha cidade, do meu país. É claro que estará o mundo da internet cheio de relatos sobre o mesmo tema. No entanto, este será o meu relato para o meu mundo, que me compreenderá e que vai perceber que, quando digo que tenho saudades, refiro-me aos detalhes do dia a dia, daquilo que eu pensava que não tinha importância enquanto aí estive. Não quero de forma alguma dar a ideia de que me sinto miserável onde estou, porque não é o caso, mas que há certas coisas que é impossível encontrar onde quer que seja, se não no nosso país.
Apercebi-me muito cedo de que não estava a 100% cá. Sentia algo a levar o meu pensamento, de uma forma constante, para longe da Ásia, longe de Kuantan. Acordei imensas vezes sem ter a noção onde me encontrava, de não perceber que sitio era aquele até tomar o meu café (quem me conhece bem sabe que aquela meia hora de silencio e café são cruciais para a minha disposição ao longo do dia). A realidade é que, durante muito tempo, vemos as revistas de viagem com imagens idílicas, praias perfeitas, a natureza no seu estado mais puro, e queremos fazer parte disso, queremos lá estar e sentir o que nos dizem que vamos sentir.
Estávamos a viver num resort fabuloso, com vista para o mar, verde à nossa volta, casa pequena e linda. Meu deus, era perfeito! Como não? Era tudo o que tinha imaginado para o meu livro “Amor e uma Cabana”, era a história perfeita para contar às amigas e à família do outro lado do mundo. Foi passado algum tempo que voltei a redigir o meu livro e a dar-lhe uma nova paisagem e novas personagens.
Amor e uma cabana é conhecer o rapaz perfeito numa tarde de Verão no jardim da Estrela, beber café no quiosque do Camões com a Joana, comer pizza com o Xavier, chamar de princesa à Mariana, o almoço de domingo na casa do pai e da mãe, o pequeno almoço com a prima Joana, refazer o closet da Rita, ir à Casa do Alentejo com os meus irmãos, dançar no jamaica com o John John, falar com a Pipa horas a fio ou simplesmente beber o meu copo de vinho tinto num sitio qualquer, com a companhia certa e não a que se pode arranjar.
Amor e uma cabana só tem mesmo sentido se for vivida no seu estado mais natural, sem que haja esforço qualquer para que tal aconteça. Não são só duas pessoas, engane-se quem acha que é apenas isso. Algo para ser tão forte tem de ter passado por tais estados de pureza, de simplicidade. Que se desengane quem acha que um mundo pequeno entre duas pessoas, não precisou de terceiros para fazer algum sentido, porque, pelo menos para mim, amor e uma cabana, são todos vocês, e tudo aquilo que oferecem sem se aperceberem e isso sim, é o meu amor. 

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