Up in the air ( Cá em cima)
Aqui estou eu...algures a sobrevoar a Europa.
Li um artigo há um semana que falava precisamente de momentos
como este. O voar, o estar dentro de um avião e não poder comunicar com o mundo
lá fora.
Ao afastar-me de Lisboa, tudo fica para trás. Os problemas, as obrigações,
as rotinas. Fica lá tudo e, a cada metro que subo, mais pequenas são todas
essas coisas e menos peso têm em mim.
Cá em cima é onde tudo começa a surgir. Os meus momentos de
maior reflexão, meditação e encontro pessoal são sempre dentro dos aviões. Cá
em cima parece que tenho rasgos de lucidez, epifanias dignos de um livro e
dignos de serem relembrados pelo mundo fora (na minha cabeça). Consigo antever a minha alegria,
assim como consigo por o ponto final em alguma coisa que me magoa ou desilude.
Tudo começa aqui, neste caso, no meu 13A dum A319 rumo a Budapeste.
Quando falava em obrigações, e em deixa-las lá em baixo,
pretendia falar em todo o tipo de força exterior que me leva a falar a palavra
certa, no momento certo, com a entoação certa. Aquela obrigação social a que
devemos prestar homenagem e à qual não devemos falhar sabem?
Mas aqui em cima também existem impedimentos. Todos nós, que já
viajámos de avião, somos impedidos de fazer uma data de coisas a que estamos
habituados. Por exemplo: ver o email mil vezes ao dia, dar uma olhadela no
Facebook, postar mais uma opinião, um statement acerca da conjuntura sei lá do
quê. Exprimir opiniões para as nossas massas, dar a conhecer ao nosso mundo a
nossa visão, a nossa luta, seja lá ela qual for. Aqui em cima não podemos
fazê-lo. E que bom que é poder encontrar um momento em que não existem as crises
do trabalho, da família, dos amigos. Só as nossas, mesmo que não tenhamos pedido tal coisa.
É cá em cima que nos é
impedido de pensar no mundo e nos é permitido pensar em nós. Bom não é ? Mesmo depois do stress de fazer o check in, passar o controle, tirar sapatos, deitar fora líquidos (nesta não me apanham), existe um final feliz e uma pequena dádiva. Tudo é feito para que não tenhamos que nos preocupar com nada durante umas horas, sem ser connosco.
A calmaria que me entra na alma e na mente, a lucidez, a vontade
de fazer isto mil vezes são inumeráveis. Não se dá conta, mas ver o mundo do
topo é o inicio da alegria eterna, é a janela da alma e preparação para o
memorável. Eu fico sempre feliz quando entro dentro de um avião, e nem sempre foi assim.
É verdade e importante! Vim a Budapeste para um seminário da Diageo, empresa
para a qual trabalho (e adoro). Pelo que já me foi adiantado, espera-me uma cidade
impressionante! Acredito que assim será, não estivesse eu dentro de um avião.
Até já
25 de Janeiro de 2016
"It's all about the joy"
Comentários
Enviar um comentário